quarta-feira, 3 de novembro de 2010

EDITORIAL
P
urnas reagiu ao resultado da disputa pela Presidência
da República como se fosse passível de desmerecimento,
contestação e enfrentamento a decisão
majoritária de tornar Dilma Rousseff a sucessora do
presidente Lula. Essa parcela reagiu, enfim, como
quem inaugura ou pretende inaugurar uma espécie de
terceiro turno imprevisto pela legislação, indesejado
pela população, insultuoso ao eleitorado e improdutivo
para o país.
A ideia de iniciar um terceiro turno se evidencia na
edição de ontem dos principais diários impressos do país.
Começa na informação de que, antes mesmo de começar,
o Governo Dilma já vive sua primeira crise causada pela
presença explícita ou pela sombra ameaçadora de Lula,
que seria candidato à Presidência em 2014. O terceiro
turno se insinua também entre o receio de que Lula interfira
no governo, tutelando Dilma, e o medo de que não
faça isso e deixe o caminho livre para a hegemonia da esquerda
do PT. É deflagrado também, o terceiro turno, no
pavor provocado pela maioria de praticamente três quintos
no Congresso, que poderia dar a Dilma força suficiente
para legislar conforme bem quisesse.
O segmento da mídia que orienta os partidos de oposição
participa da tentativa de inaugurar o terceiro
turno com o mesmo método jornalístico adotado desde
o primeiro semestre do ano passado: textos, comentários,
notas e artigos que depreciam Dilma tentando reduzí-
la a uma figura influenciável e manipulável.
Desmereceram a candidata, agora desmerecem a presidente
eleita e, desde já, seu futuro governo.
A motivação da imprensa aliada aos partidos de oposição
antecede a ideia de golpe. Os jornais acreditam
representar o pedaço do Brasil que rejeitou Dilma.
Dilma foi eleita pelo Brasil setentrional. A oposição
é o Brasil meridional. É verdade que Dilma fez muito
mais votos na parte Sul do que Serra obteve na parte
Norte. Mas ela perdeu entre os ‘sulistas ou ‘confederados’,
que formam o Brasil da mídia. O Brasil de
Dilma é o Brasil sem mídia. E o terceiro turno é, a par
de um desejo de facções partidárias oposicionistas,
uma tentativa da imprensa mais poderosa do Brasil
meridional de expulsar para o Brasil setentrional a
candidata e futura presidente dos pobres, dos excluídos,
dos desvalidos, dos discriminados, dos trabalhadores,
da classe operária.
Até aqui, Dilma mostrou que é muito maior do que
se dizia dela no início da campanha. Mostrou que é
capaz de traduzir perfeitamente a ideia da eficiência e
da continuidade de um projeto bem sucedido e aprovado.
Venceu a campanha eleitoral mais sórdida, repugnante
e infame da história republicana. Venceu
uma oposição torpe e uma imprensa indecente. E, no
primeiro discurso de presidente eleita, estendeu a mão
aos adversários propondo trabalho e união pelo país.
A deflagração do terceiro turno para o período
2011/2014 equivale ao anúncio de, no mínimo, mais de
1.400 dias de campanha e de confronto. Com certeza,
não é o que quer e muito menos é de que precisa o povo
do Brasil.
arcela minoritária e barulhenta de derrotados nas

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